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Ação no STF visa garantir acesso de surdos em concursos

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu, na última semana, uma ação que busca garantir maior acesso de pessoas surdas em processos seletivos. Trata-se da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADI) 5820, com relatoria do ministro Marco Aurélio.

Protocolada pelo Grupo Feneis e pelo Instituto Vertere, a ação ataca o artigo 4º da Lei 10.436, de 2002. A lei, apesar de reconhecer a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua oficial do país, veta naquele artigo sua substituição em relação à modalidade escrita da língua portuguesa.

Segundo as associações, isso cria uma série de barreiras à participação de candidatos surdos em exames nacionais e concursos públicos. De acordo com Abel de Santana, que redigiu o pedido junto com o advogado Diego Cherulli, a pessoa surda tem a libras como primeira língua e o português escrito, como um segundo idioma. Dessa forma, obrigar um surdo a fazer uma prova escrita em português seria o mesmo que exigir de alunos brasileiros a realização de provas em outros idiomas.

“É preciso treinamento desde quando se é criança. A pessoa não é capaz de escrever em português com a mesma facilidade. As regras, preposições, conjunções, se tornam obstáculos”, diz.

O pedido da comunidade de surdos é para que as provas e os exames nacionais sejam oferecidos em libras, por meio de “videoprovas”.

Este ano, por exemplo, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) adotou um sistema de prova em vídeo. Os alunos surdos tiveram acesso a salas em que receberam computadores com vídeos com orientações e questões apresentadas em libras. Até o ano passado, era necessário solicitar um atendimento especializado para realizar a prova, com um serviço de intérprete de libras e leitura labial.

Para Santana, entretanto, a forma utilizada este ano pelo Enem ainda não é a mais adequada. Isso porque ainda se cobra que a pessoa surda escreva a redação em português.

A ADI, segundo o autor da ação, tem o objetivo de elevar a discussão para um nível nacional. “A sociedade evoluiu, e é preciso uma maior inserção da comunidade surda nesta sociedade. Que não se faça apenas o processo seletivo, mas que seja disputado em condições iguais”.

Leia a íntegra do pedido.

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